domingo, 23 de fevereiro de 2014

Cuidado parental e Seleção Natural em Vertebrados





A reprodução é um fator crítico no sucesso evolutivo de um organismo, presentes em diversos comportamentos associados ao acasalamento e à reprodução. Em geral, os machos cortejam as fêmeas e estas tomam conta dos jovens. No momento do nascimento ou da eclosão, alguns vertebrados são auto-suficientes e nunca encontram seus pais, enquanto outros têm longos períodos de cuidado parental obrigatório.
Os animais podem apresentar múltiplos padrões de cuidado parental, que são agrupados em quatro categorias: a) cuidado biparental; b) cuidado uniparental por fêmeas; c) cuidado uniparental por machos; ou d) nenhum cuidado. Durante uma mesma estação reprodutiva, as espécies podem manifestar um ou mais desses padrões. 
Em geral, o cuidado uniparental por fêmeas de diversos grupos está associado a períodos reprodutivos curtos, com o objetivo de reduzir os custos com a guarda dos ovos. A seleção natural favorece o cuidado biparental quando apenas um membro do par reprodutor não é capaz de suprir todas as necessidades dos filhotes sem ajuda. 
O investimento na reprodução geralmente ocorre de maneira desproporcional entre os sexos. Enquanto os machos produzem dezenas de milhares de células reprodutivas, as fêmeas produzem poucos grandes gametas com enorme quantidade de material nutritivo. Como resultado, as fêmeas tendem a gastar muito mais tempo com o cuidado da prole para assegurar a sobrevivência de seus descendentes e seu próprio sucesso reprodutivo. Neste contexto, a seleção natural atuou sobre as espécies e fixou o cuidado parental, comportamento que contribuiu para o aumento do sucesso reprodutivo dos indivíduos.
O cuidado parental é favorecido quando os benefícios obtidos com a sobrevivência da prole são superiores ao abandono dos filhotes pelos pais.
A explicação mais parcimoniosa sobre a ocorrência dessa característica é que esse comportamento evoluiu na linhagem antes dos crocodilianos se separarem dos dinossauros e aves. Assim, a hipótese mais parcimoniosa é aquela na qual o cuidado parental é um caráter derivado da linhagem evolutiva que contém crocodilia + dinossauros + aves (os Archaeosauria).


A evolução do cuidado parental

Cuidado parental é um comportamento benéfico para a espécie, permitindo a sobrevivência e bem-estar da próxima geração pelas gerações atuais. É tão intrínseco para nós, que não imaginamos a base biológica disso. 
Na verdade, não é uma coisa altruísta, em beneficio da espécie, e sim uma coisa egoísta, para disseminar o próprio gene.
O Princípio de Willian diz que o investimento no presente vem à custa de um investimento no futuro. A seleção natural vai então favorecer comportamentos que maximizam o sucesso reprodutivo.
Se um animal produzir apenas uma ninhada, o sucesso reprodutivo passa a ser dividido em duas etapas, da prole atual, e da prole futura.
O investimento contínuo na prole presente para aumentar a sobrevivência e fertilidade pode ser pesado contra investimento na sobrevivência de adultos e sucesso reprodutivo. O investimento ótimo ocorre quando taxas de retorno em ambos investimentos é igual, maximizando o tempo de vida do sucesso reprodutivo. 
Mas quem se importa? Nos mamíferos mais de 90% do cuidado são as fêmeas que fazem e 10 % biparental, em aves 90% biparental, 8% fêmea e 2% macho. Só 20 % dos peixes tem isso, sendo 50% macho, 30% fêmea e 20 % biparental.
Os custos são diferentes para ambos os sexos, enquanto os benefícios em termos de aumento da sobrevivência da prole é o mesmo.
A quantidade de cuidado parental investida na prole depende de espécie para espécie, em algumas é possível encontrar quem lute até a morte para defender a prole, enquanto em outras ao aparecer o primeiro predador largam a prole.
Baseado então no Princípio de Willian, existem quatro principais fatores que influenciam no modo de cuidado parental, são elas: tamanho da prole, investimento passado,  relação de parentesco e futuras oportunidades de acasalamento.
O mais curioso é que as relações de parentesco podem variar devido a muitas formas de traição! Estas podem resultar em um parasitismo de cuidado parental. Esse tipo de ação tem sido encontrada com uma alta taxa de normalidade.
O princípio de Willian explica também o comportamento humano em relação a prole, como investimento de cuidado parental, comportamento em relação a traições e em oportunidades de acasalamento. 

Para entender melhor como foram os experimentos que levaram a essas conclusões, e informações mais detalhadas um ótimo artigo é o de Gross, 2005, disponível para download no link: http://www.4shared.com/office/bViFslGXce/Gross2005.html

Andressa de Mello Bezerra e Mariana de Carvalho